quarta-feira, 16 de outubro de 2013

“O Livro dos Espíritos” – Crianças. Missão. Morte. Aborto.

Capítulo “Destino das crianças após a morte”


O Espírito de uma criança que desencarna em tenra idade poderá ser tão avançado como o de um adulto? [pergunta]
– Algumas vezes é mais, porque pode ter vivido muito mais e ter mais experiência, principalmente se progrediu.

O Espírito de uma criança pode, então, ser mais avançado do que o do seu pai? [pergunta]
 – Isso é muito frequente: Vós mesmos não vedes isso muitas vezes na Terra?

De uma criança que morre em tenra idade, e, portanto, não tendo praticado o mal, podemos supor que o seu Espírito pertença aos graus superiores? [pergunta]
– Se não fez o mal, não fez o bem, e Deus não a isenta das provações que deve passar; o seu grau de pureza não ocorre porque tenha animado o corpo de uma criança, mas pelo progresso que já realizou.

Porque a vida é muitas vezes interrompida na infância? [pergunta]
– A duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que nela está encarnado, o complemento de uma existência anterior interrompida antes do tempo. A sua morte é, muitas vezes, também uma provação ou uma expiação para os pais.

O que acontece com o Espírito de uma criança que morre em tenra idade? [pergunta]
– Ela recomeça uma nova existência.

Se o homem tivesse apenas uma existência e se, depois dela, sua destinação futura fosse fixada perante a eternidade, qual seria mérito de metade da espécie humana que morre em tenra idade, para desfrutar, sem esforços, da felicidade eterna? E com que direito ficaria desobrigada e livre das condições, muitas vezes tão duras, impostas à outras metade? Tal ordem de coisas não estaria de acordo com a justiça de Deus. Pela reencarnação, a igualdade é para todos. O futuro pertence a todos sem excepção e sem favorecer ninguém. [Allan Kardec]


Quis publicar esta parte porque é importante para os pais que tenham perdido um filho.


Capítulo “Semelhanças físicas e morais”

   
O Espírito dos pais tem influência sobre o do filho após o nascimento? [pergunta]
– Há uma influência muito grande. Como já dissemos, os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Pois bem, os Espíritos dos pais têm como missão desenvolver o dos seus filhos pela educação. É para eles uma tarefa: Se falharem, serão culpados.

Porque pais bons e virtuosos geram, às vezes, filhos de natureza perversa? Melhor dizendo, porque as boas qualidades dos pais nem sempre atraem, por simpatia, um bom Espírito para animar o seu filho? [pergunta]
– Um Espírito mau pode pedir pais bons, na esperança de que os seus conselhos o orientem a um caminho melhor, e muitas vezes, Deus lhe concede isso.

Os pais podem, pelos seus pensamentos e preces, atrair para o corpo de um filho um Espírito bom em preferência a um Espírito inferior? [pergunta]
– Não, mas podem melhorar o Espírito do filho que geraram e que lhes foi confiado: é o seu dever. Filhos maus são uma provação para os pais.


Novamente, nada a acrescentar.


Capítulo “União da alma e do corpo. Aborto”


Em que momento a alma se une ao corpo? [pergunta]
– A união começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento. No momento a concepção o Espírito designado para habitar para habitar determinado corpo liga-se a ele por um laço fluídico e vai aumentando essa ligação cada vez mais, até ao instante do nascimento da criança. O grito que sai da criança anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores de Deus.

A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? Durante esse primeiro período o Espírito poderia renunciar ao corpo designado? [pergunta]
– A união é definitiva no sentido de que nenhum outro Espírito poderá substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços que o unem são muito frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito, se este recuar diante da prova que escolheu, nesse caso a criança não vive.

Que utilidade pode ter para um Espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias após o seu nascimento? [pergunta]
– O ser não tem a consciência inteiramente desenvolvida da sua existência e a importância da morte é para ele quase nula. É muitas vezes, como já dissemos, uma prova para os pais.

O Espírito, uma vez unido ao corpo de uma criança e quando já não pode voltar atrás, lamenta, algumas vezes, a escolha que fez? [pergunta]
– Quereis dizer se, como homem, lastima a vida que tem? Se gostaria de outra? Sim. Lamenta-se da escolha que fez? Não; ele não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar a carga muito pesada e considerá-la acima de suas foças. São esses os casos dos que recorrem ao suicídio.

Como a união do Espírito e do corpo só está completa e definitivamente consumada após o nascimento, pode-se considerar o feto como tendo uma alma? [pergunta]
– O Espírito que deve animá-lo existe, de alguma forma, fora dele; não possui, propriamente falando, uma alma, já que a encarnação está apenas em via de se operar. Mas o feto está ligado à alma que deve possuir.

Quais são, para o Espírito, as consequências do aborto? [pergunta]
– É uma existência nula que terá de recomeçar.

O aborto provocado é crime, qualquer que seja a época da concepção? [pergunta]
– Há sempre crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de suportar as provas das quais o corpo devia ser o instrumento.

No caso em que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento do filho, existe crime ao sacrificar a criança para salvar a mãe? [pergunta]
– É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

É racional ter pelo feto a mesma atenção que se tem pelo corpo de uma criança que tenha vivido? [pergunta]
– Em tudo isso deveis ver a vontade de Deus e a Sua obra. Não trateis, portanto, levianamente as coisas que deveis respeitar. Porque não respeitar as obras da Criação, que são incompletas algumas vezes pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar.


Idem.




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