domingo, 26 de outubro de 2008

Falta de mim

Now in the black black behind your sleep I am trying to hold your oceans, I am struggling to sparkle in your sky, I will collect your snowflakes in my arms and watch them unfold. In the North, you ache with loss and wish for a sick day to curl yourself away and cry. The warmth of your voice now burnt with loss and everyone knows. Everyone knows you are far too far too transparent to hide away such a wanting. Now whom is needed and whom is needful? You are older than I but hand yourself over a bird nestling into my hand. “I am broken, I am broken” you say as I stroke you to sleep.

"Thirst"
Golden Palominos, álbum "Dead Inside"

Roubaram-me a alma. Sinto-lhe a falta. Sei que a amava e sem ela estou tão sozinha que nada pode preencher este vazio de falta de mim.

Convidaram-me para participar num blogue de renascimento português, blogue esse cujos participantes respeito e aprecio, um novo blogue de nome O Bar do Ossian que desde já aconselho. Ponderei longamente o que teria para dizer num espaço de "renascimento português". A parte triste é não tenho nada para dizer sobre Portugal que não tenha dito já. Mais triste ainda é que já não acredito no "renascimento português". Não estou a dizê-lo por dizer. É que não acredito mesmo. No que eu acredito é que este território se tornará, mais tarde ou mais cedo, de uma forma ou de outra, uma província da Europa, por razões que aqui já expus longamente.
Não tenho razão nenhuma para ter pena. Afinal, esta merda de país deixou que me roubassem a alma. Que se foda Portugal.
Lamento, pelo Bar do Ossian, mas não participo no que não acredito. E quanto à cultura da nação, que essa sobreviverá a qualquer maremoto político, apenas uma sub-franja muito marginal me interessa pessoalmente. O resto faz parte do mesmo cadáver.

Quanto ao mundo, falta pouco, muito pouco, para a guerra. Temo pelos animais. Tudo o resto que se foda.
Detesto repetir-me.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não acredito que te tenham roubado a alma...

Apesar de tudo, lembra-te dos pormenores que fazem de ti alguém que não se deixa manipular, nem escravizar, nem aprisionar no fácil e no óbvio.

A alma é tua, por direito.

Se algo ou alguém a roubou, podes ter a certeza que os “esquadrões anti-roubo de almas” perseguirão o ladrão até ao fim e resgatarão o que é teu.

Bjos ;)

katrina a gotika disse...

Infelizmente, escrava já eu sou.

E quem manda no corpo muito depressa aprisiona também a alma. Por exemplo, não posso dizer no trabalho aquilo que digo aqui. Queres mais?

Anónimo disse...

Pois, eu sei...

Mas também sei que, salvo algumas raras e privilegiadas excepções, todos têm que representar um papel ou colocar uma máscara no local de trabalho. Pesa mais a uns do que a outros.

Geralmente pesa mais a quem ainda tem valores, princípios e acredita na ética. Pesa mais a quem sente o valor da liberdade de expressão.

E é precisamente por continuares a ter essa lucidez, sentindo e dizendo o que está errado, mesmo que seja "só" por aqui, que te considero livre.

katrina a gotika disse...

Se não foi roubada, pior: a minha alma foi-se embora.