sexta-feira, 7 de julho de 2006

Da cobardia

Dos comentários anteriores:

penso que algures no passado escreveste (e que vem a propósito das futebolices actuais)qualquer coisa do género:

"são burros (ou estupidos) demais para merecerem um país independente"


Já não me recordo, mas sou capaz de tê-lo dito aqui há um par de anos. Hoje, mais esclarecida, porque nunca deixei de acompanhar e analisar o fenómeno, não é com grande surpresa que vejo os portugueses a serem obrigados a ir ter filhos em solo espanhol. (Isto não é nacionalismo pacóvio, é apenas a constatação de que o Estado se demitiu de providenciar os direitos essenciais a alguns dos seus cidadãos, como o direito de nascer no próprio país, empurrando-os para fora desde a nascença. Se o que não dá lucro fecha, o Estado está a fechar. É o fim do Estado. É o fim da independência. Voilá.)
Hoje a minha visão do fenómeno é diferente. Não culpo tanto a falta de miolo cerebral mas mais a cobardia. Os portugueses são cobardes DEMAIS! Atrevo-me mesmo a dizer que a Europa toda é (cada vez mais, a cada dia que passa) cobarde mas os portugueses são campeões.
E como eu disse nos comentários abaixo, a cobardia excessiva não é uma característica inteligente para quem almeje ser independente, seja uma pessoa seja um país. A cobardia excessiva leva ao contrário, a subserviência. E é a subserviência, o "come e cala-te" que cada vez mais os grupos económicos e políticos obrigam a nação a engolir, estimulando o "dividir para reinar".
Enquanto forem promovidos valores individualistas, o safe-se quem puder, o chico-espertismo, a lei da selva, não saíremos do caos.
Este estado de espírito dos portugueses tem sido não só incentivado como orquestrado pelo poder político desde os anos pós-revolução. (Não que eu tenha nada contra o 25 de Abril mas as verdades são para ser ditas). Perdeu-se a unidade nacional e começou o cada um por si. Ora, não é assim que uma sociedade, que um povo, sai de uma crise. Diz-nos a história. Recordem o império romano e como ele caiu por divisões internas.
Os portugueses têm passado anos demais a puxar a brasa à sua própria sardinha, em vez de estarem todos de volta do fogareiro a manter o fogo aceso para que chegue para todos. Assim, estamos a chegar a uma altura em que a maioria não come nada!
Convém aos grandes, aos que comem, não deixar os pequenos aproximar-se do fogareiro. Se a princípio o povo não reagia porque não percebia (a tal burrice), agora tem medo de perder o pouco que lhe resta. Mas vai perder se não se unir.
Pensemos nisto. Uma cidade sitiada pelo inimigo. Duas soluções. A solução portuguesa: vou fugir a pôr-me a milhas e salvar a pele - mas perde a pátria, e perde tudo! A solução inteligente: vamos unir-nos e combater para proteger o que é nosso.
É na altura de lutar que o povo falha, porque é cobarde. E tudo fazem para que continue cobarde, desde a estupidificação à escravatura.
Alguns de nós viram o tempo a chegar e andam a lutar, como eu, sozinha, há uma carrada de anos. Não faço ideia se esta luta vai servir para alguma coisa. Não depende só dos poucos que querem abrir os olhos aos cegos para que vejam.

Quando eu dizia há tempos que os portugueses precisam de amar-se uns aos outros, começa por aqui. Deixar o egoísmo pelo bem de todos. Colaborar em vez de trapacear. Perceber que sem união o país deixa de existir. E aí sim, sobrará a nação, que já não será uma "escumalha ingovernável" porque alguém se há-de encarregar de a explorar até ao tutano.
Estas palavras que deixo aqui humildemente num cantinho da blogosfera não deviam ser ditas por mim, mas pelo líder. E o que é o líder? É aquele que governa o povo. Não é aquele que se governa à custa do povo. E nos últimos dez anos temos tido líderes a governar-se à custa do povo e apostados em manter o povo quieto... e cobarde. (A cobardia não é só culpa dos portugueses, não senhor. Foi meio século de repressão para serem mansos, e os treinos continuam.)
Para que chegue a vontade de lutar, é preciso primeiro que haja a coragem de dizer a verdade aos portugueses. Coragem puxa coragem. Mas até agora a única coragem dos líderes é enriquecerem escandalosamente sem um pingo de vergonha na cara.

De uma vez por todas, e ando a dizer isto há dez anos mas na blogosfera apenas há dois e pouco, é preciso deixar de ser cobarde. Pelo bem de todos, pela salvação do que é nosso, para que todos comam sardinhas.

Pronto, já disse.

4 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Quem é que ainda não reparou, que Portugal está a ser entregue de mansinho a Espanha?! Hum! Para que serve um TGV ou um aeroporto da Ota? Em primeiro lugar, porque sendo dois projectos que envolvem grandes somas de dinheiro, mais fácil se torna fazer desaparecer uns bons milhões no meio de tudo. Segundo, o país não tem produção, menos de 80% daquilo que precisa, ou movimento de pessoas que justifiquem tal investimento. Mas serve para os nossos vizinhos poderem mover mais fácilmente pessoas e bens. Quanto ao emprego prometido... os habituais contratos a prazo, os vencimentos de escravo, porque mesmo com o pretenso salário pago à maoria das pessoas, que nem dá para sairem de casa dos pais e suportatrem as despesas de viver só, só conheço um nome; escravo. Terceiro, Portugal está fora de controlo. Todos a rapaziada da UE sabe disso, afinal são eles que metem dinheiro cá dentro. Até mesmo a China concedeu a Portugal no ano passado um empréstimo, se não me falha a memóris, de 100 milhões de euros. As reservas de ouro são propriedade do FMI, que diz quando e que quantidades vender. Assim reparem, amdamos a votar em fantoches. Até mesmo a Alice, tinha uma vida mais divertida no país das maravilhas!
Pelos vistos as raizes Celtas ficaram, igualmente, todas do lado de lá da fronteira. Bom para eles.
Penitenziagite!

^^c^^

Gafanhoto disse...

olá Mestra

um líder não nasce nem se faz.

um líder é! tu és.

bjinhos & abraços

katrina a gotika disse...

Não sou grande líder. Sou mais um profeta que prega no deserto.