terça-feira, 30 de maio de 2006

A machadada final

E foi a machadada final no mérito. Pais a avaliar professores. Pais ignorantes, iliterados, quase analfabetos, sem educação e sem maneiras, que tudo o que precisam de fazer para ser pais é dar uma queca, a avaliar profissionais que no mínimo tiveram que tirar um curso para exercer a profissão.
É o fim, é mesmo o fim.

Ouvir a ministra da Educação dizer sem um pingo de vergonha uma barbaridades destas, que a "distribuição das melhores turmas aos melhores professores" é uma má medida, é cuspir na cara dos bons alunos e premiar os piores. Já agora, porque não realiza de uma vez por todas o sonho da burrocracia?

Que se dêem as notas ao contrário. Que passem os burros. Que chumbem os bons alunos.

É imperativo, é urgente, é necessário!!! mandar óvulos para Espanha! Óvulos para Espanha já e em força! E não só para Espanha, para a Europa toda! Pela educação das nossas crianças, pô-las fora de Portugal já!

17 comentários:

Musgo disse...

É que a Ministra na Educação nunca deve ter estado na pele de "boa aluna" engolida viva pela turma, pelos professores, pela escola e seja lá pelo que for.

katrina a gotika disse...

Se calhar tens razão, Musgo. Olha que pode estar aí a explicação...

E o que isso diz dos nossos governantes até mete medo.
É fugir daqui o mais depressa possível. Quem pode, fuja! Fuja!

I Am No One disse...

Uma avaliação correcta deve sempre incluir toda a gente envolvida, não sei os moldes dessa avaliação, nem tão pouco em que matérias poderão os pais avaliar, concerteza não será uma avaliação técnica, e terá que haver limites, como é obvio um pai que nunca vai à escola não sabe nada sobre os professores logo não tem dados nenhuns sobre o assunto.
Vou-me informar mais e se for oportuno direi mais qualquer coisa.

Solum disse...

ò ebola não digas disparates. Isto é uma aberração total. Há pais drogados, pais idiotas, fascistas, imbecis. Há pais que não vivem sequer com os filhos. Há pais que não os conhecem. Há pais que são amigos dos professores dos filhos. outros são inimigos. Em terras pequenas, há cumplicidades, relações de dependência social que tornam iniável qualquer avaliação séria. A mãe que é mulher-a-dias da professora vai dizer o quê? E com que conhecimento? E os pais que fazem dos filhos máquinas de tirar 19, se por acaso o rebento não tiver 19, a culpa é de quem? E porque é que é só nas escolas? O que dirias, ó ebola, dos médicos avaliados pelos doentes, dos juízes avaliados pelos utentes, do chefe das finanças avaliados pelos contribuintes, os agentes da brigada de trânsito avaliados pelos automobilistas? mas tu não te enxergas? Não vês o tamanho deste disparate? Não percebes que o objectivo é o mesmo de sempre: culpabilizar os professores pelos males da nção. É que há décadas q PS / PSD andam a prometer maravilhas com base em sucessivas reformas educativas. Falhou tudo, graças a idiotas como Roberto Carneiro, João de Deus Pinheiro, Ana Benavente, Diamantino Durão, Oliveira Martins, Frausto da Silva, Augusto Santos Silva, Maria do Carmo Seabra, David Justino, Marçal Grilo, Manuela Ferreira Leite, entre outros. Os resultados estão à vista. De quem é a culpa? Dos profs, claro

Vítor disse...

É imperativo, é urgente, é necessário!!! mandar óvulos para Espanha! Óvulos para Espanha já e em força! E não só para Espanha, para a Europa toda! Pela educação das nossas crianças, pô-las fora de Portugal já!

Amiga, não é isso o que temos feito, não só num passado recente, não só para a Europa, ao longo da nossa mui nobre história? Embora, reconheço, com efeitos bastante mais nefastos (subversivos, até) do que o desejado.

Agora a sério: Há uns anos atrás li um artigo (julgo que na Forbes) com o título "O porquê do Brasil não ser tão rico como os Estados Unidos", no qual, na opinião dos brasileiros, as razões evocadas para explicarem o título do artigo íam desde a normal «herança burocrática portuguesa» à mais ressentida «herança cultural portuguesa» onde, entre muitas qualidades herdadas dos portugueses, os brasileiros destacam o ócio.

Agora algo totalmente diferente:

This Be The Verse

They fuck you up, your mum and dad.
They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
And half at one another's throats.

Man hands on misery to man.
It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
And don't have any kids yourself.


Philip Larkin

Goldmundo disse...

Vocês são um bando de optimistas incorrigível. No ponto em que estamos, professores a avaliar estudantes dá quase sempre mau resultado também.

katrina a gotika disse...

Mil perdões, Necare. *blushes*

Unknown disse...

Ignoro em que termos a Ministra prevê a intervenção dos pais na avaliação, mas, infelizmente tudo o que temos vindo a conhecer dela — e da sua equipa, com destaque para um tal de Valter Lemos — faz prever o pior. A mais rasteira demagogia. O abaixamento — se possível — do estatuto dos professores, da sua autoridade e, consequentemente, das suas condições para ensinar.
Já agora, vem ao caso interrogarmo-nos por que é que este Governo tem feito dos professores do básico e do secundário sacos de boxe, mas não toca nas universidades, onde a situação é cada vez mais vergonhosa, à pala da indiscutível e amada autonomia.

I Am No One disse...

S, ninguém na sociedade deve ser intocável, e todos na sociedade devem estar envolvidos, mantenho a opinião que a avaliação pelos pais poderá ser positiva desde que não seja a nivel técnico por razões óbvias e desde que seja limitada a quem acompanha a vida escolar dos filhos (facilmente verificada pela presença em reuniões de pais). Mais uma coisa também há professores drogados, e também existem alguns bem mais incultos que certas donas de casa...

I Am No One disse...

Esse sistema de avaliação pelos proprios professores é altamente tendencioso, "scratch my back and i'll scratch yours", e poderá, pelas razões que referiste angeltoes, ser bem mais perigoso para vocês que ensinam que propriamente o peso que a avaliação dos pais terá.
A avaliação de um médico ou de outro qualquer profissional pode e deve ser feita por qualquer um, basta pedir o livro de reclamações, se as pessoas não o fazem deviam faze-lo, eu não abdico do direito que tenho de dizer bem ou mal do serviço que me prestam.

I Am No One disse...

Compreendo aonde queres chegar, mas de tudo o que li até agora nada me indicou o peso da avaliação dos pais no "bolo geral" da avaliação dos professores, nem tão pouco como será feita a avaliação, se vai requerer justificação ou não, para filtrar situações como a que referiste, "leva insuficiente porque o meu filho diz que...".
A meu ver o peso da avaliação deve ser pequeno, mas deve sempre existir, se bem tratada essa avaliação pode ser um feedback bom e bastante util para os professores que gostem de evoluir (não falo em carreira mas em métodos de ensino e como pessoas).
Quanto aos livros de reclamações, se eu não escrever tenho a certeza absoluta que não terá repercursões.

katrina a gotika disse...

As universidades são a primeira amostra da selva que é o resto.

I Am No One disse...

"Para além de progredir como pessoa e como professora, quero progredir também na carreira mediante as provas científicas e pedagógicas do meu desempenho."

Reconheço a minha ignorância neste ponto sei que são avaliados nessa área não sei é como, se não te importares podes explicar?
Deves de certeza saber que nem todos são como tu, nem todos por iniciativa própria querem evoluir, raios, estamos num país onde maior parte das pessoas só se revolta quando o "conformismo" está ameaçado, e mesmo assim é com o objectivo de o restituir outra vez, nunca evoluir.

I Am No One disse...

Compreendo a (tua) revolta neste caso, entendo que não seja a maneira de começar a resolver o problema, muitas coisas estão mal na educação, tanto no sistema como no sindicato que vos defende. Cada vez mais os sindicatos são contra o sistema e não a favor dos trabalhadores e isto, por muito penoso que seja ouvir, mina qualquer esperança que um trabalhador tenha de ver reconhecida ou melhorada a sua vida porofissional.
É caricata a categorização entre professores de quadro e os contratados, logo a partida uma distinção dessa dá uma indicação clara do (des)respeito que existe, mais, em qualquer trabalho as tarefas complicadas (neste caso turmas problemáticas) são sempre dadas a quem tem mais experiência e não a alguém que apareceu "ontem" é tão óbvio que senão for feito revela não estupidez nem burrice mas uma intencionalidade ilegal.
Resumindo, continuo a pensar que não seja uma má medida (depende dos moldes), entendo agora que o "timing" não é o correcto, que existem coisas muito mais importantes por onde começar.
Angeltoes, obrigado pelo esclarecimento.;)

katrina a gotika disse...

Angeltoes, a avaliação dos políticos chama-se eleições.

...

Klatuu o embuçado disse...

A debandada para Espanha começou há muito... Primeiro pelas veladas mas não inconfessadas medidas do Estado Espanhol em atrair os Portugueses fronteiriços... para as quais a TV espanhola, muito tem contribuido.
Depois, a inclusão da Língua Portuguesa no currículo escolar espanhol foi um inteligente pau de dois bicos... muito jovem licenciado, que nunca poderá vir a ser professor de Português aqui... foi aceite, com extrema facilidade e simpatia, no sistema educativo de Espanha... mas já para lá se deslocam licenciados de outras áreas... Depois, ainda, a maioria dos Portugueses que lá vão tirar cursos, por lá ficam.
Ainda temos a questão do IVA... o pequeno comércio nacional está-se a deslocar para Espanha... E não nos esqueçamos das mamãs que vão ter os bébés a Espanha... e os naturalizam Espanhóis!!

No fundo, é normal, mera consequência do «IBERISMO» de quem nos governa!

Klatuu o embuçado disse...

P. S. Ainda bem que estes temas também te preocupam...